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UFVJM obtém duas cartas-patentes na área de desenvolvimento de medicamentos para tratamento de câncer

publicado: 20/02/2024 15h05, última modificação: 20/02/2024 15h59
Tecnologias foram desenvolvidas pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas em parceria com a UFMG

A UFVJM conquistou mais duas cartas-patentes, emitidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). As patentes, emitidas em 2023, surgiram de uma parceria entre a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As patentes descrevem a obtenção e avaliação de duas alternativas para o tratamento de câncer, sendo a primeira o desenvolvimento de nanoemulsões de tretinoína e ácido hialurônico como possível inibição da proliferação de células cancerosas e a segunda o processo de desenvolvimento de lipossomas que contêm paclitaxel. Ambas as patentes encontram-se disponíveis ao público no site do INPI, que pode ser acessado aqui.

De acordo com o Centro de Inovação Tecnológica (Citec) da UFVJM, atualmente, com essas duas novas patentes, a universidade tem um total de quatro tecnologias concedidas. As outras duas foram emitidas em 2020 e 2021. No âmbito da UFVJM, o Citec é o órgão responsável pelos processos de proteção das tecnologias. Os requisitos básicos para a concessão de uma patente são três: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. 

Para o professor do departamento de Farmácia da UFVJM e membro das equipes das duas patentes, Guilherme Carneiro, "o desenvolvimento da pesquisa com estudantes de pós-graduação e graduação consolida uma das missões da universidade, pois capacita profissionais qualificados e cria oportunidades para o avanço de produtos e processos benéficos à população. Essa iniciativa busca tornar o medicamento e a tecnologia aplicada acessíveis, proporcionando melhores condições de tratamento para diversos tipos de câncer". 

Guilherme destaca, ainda, que "o registro de patentes de invenção pelo INPI desempenha um papel crucial na valorização dos ativos intangíveis da universidade, originados de projetos de pesquisa vinculados a programas de pós-graduação, envolvendo tanto estudantes de pós-graduação quanto de graduação. Além disso, essa prática estimula uma política de inovação no contexto acadêmico, enfatizando a capacidade inventiva associada à pesquisa e ao desenvolvimento".

Já o professor do departamento de Farmácia e membro da equipe de uma das patentes (BR102015009427-2) conquistadas, Álvaro Dutra de Carvalho Júnior, ressalta que “ao garantir o reconhecimento dos valores tangíveis e intangíveis da instituição, o processo de registro de patentes não apenas destaca a contribuição dos estudantes e pesquisadores envolvidos, mas também promove uma cultura de inovação na universidade. Essa abordagem reforça a criatividade associada à pesquisa e ao desenvolvimento, consolidando a posição da instituição na vanguarda da produção de conhecimento e na aplicação prática desse conhecimento para o benefício da sociedade".

Para solicitações de registros de patentes, o Citec disponibiliza um formulário on-line para envio de informações necessárias para dar início à avaliação de pertinência do depósito/registro da propriedade intelectual. O formulário pode ser acessado aqui. 

Sobre as novas patentes

A Patente Registro INPI nº BR102016012989-3 teve como desenvolvedores o grupo de pesquisa do Departamento de Farmácia da UFVJM (Defar)/UFVJM, especializado em sistemas nanoestruturados de liberação de bioativos, que contou com a parceria essencial do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT)/UFVJM e a Faculdade de Farmácia (Fafar)/UFMG para conduzir os experimentos e análises necessários.

De acordo com um dos membros da equipe responsável pela patente, o professor da UFVJM Guilherme Carneiro, o foco desse projeto foi o desenvolvimento de nanoemulsões (NE) com propriedades antineoplásicas. “A quimioterapia antineoplásica é realizada por meio da administração de fármacos para o tratamento de câncer em nível celular. As nanoemulsões contêm o ácido retinóico (AR), que tem sido amplamente estudado por inibir a proliferação de células cancerosas; entretanto, o AR possui uma baixa solubilidade em água, o que diminui a sua biodisponibilidade”, explica Guilherme. 

O professor detalha que “para contornar esse problema foi feito o revestimento dessa nanoestrutura com o ácido hialurônico (AH), que possui uma superfície hidrofílica e que acarreta um tempo maior de permanência na corrente sanguínea. Para realizar esse revestimento, foi utilizada uma amina lipofílica catiônica, chamada estearilamina, através de atração eletrostática. Por meio de uma análise em infravermelho, foi possível avaliar a composição farmacêutica NE-AR-AH e a sua capacidade antitumoral, o que resultou em uma boa seletividade em células de rato e células mamárias humanas”.

Equipe Patente BR102016012989-3

Docente do Departamento de Farmácia da UFVJM

  • Prof. Guilherme Carneiro

Docente do Instituto de Ciência e Tecnologia da UFVJM

  • Prof. Juan Pedro Bretas Roa

Discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas– PPGCiFarm/UFVJM

  • Letícia Márcia da Silva Tinoco
  • Flavia Lidiane Oliveira da Silva
  • Lays Fernanda Nunes Dourado

Docentes parceiros da Faculdade de Farmácia da UFMG

  • Prof. Lucas Antônio Miranda Ferreira
  • Profa. Elaine Amaral Leite

A segunda patente, registrada no INPI sob o nº BR102015009427-2, teve como desenvolvedores a Faculdade de Farmácia da UFMG e o Departamento de Farmácia da UFVJM, e trabalhou com o medicamento para tratamentos de câncer paclitaxel (PTX), conhecido na sua forma comercial de Taxol®. 

De acordo com um dos membros da equipe responsável pela patente, o professor da UFVJM Álvaro Dutra de Carvalho Júnior, o foco da segunda invenção foi descrever o processo, a obtenção e o uso do produto de composições farmacêuticas constituídas de lipossomas multifuncionalizados contendo paclitaxel ou outros fármacos com atividade antitumoral.

O professor explica que “o paclitaxel é praticamente insolúvel, o que dificulta a sua administração nos pacientes e, por isso, é usada a emulsão Cremofor® EL (CrEL) para ajudar o medicamento a adentrar no organismo. Entretanto, a CrEL possui uma série de efeitos colaterais e uma das expectativas do projeto foi explorar a formulação do paclitaxel em lipossomas que possuem a capacidade de encapsular substâncias; isso visa melhorar a solubilidade do paclitaxel, permitindo sua administração de maneira mais eficaz e potencialmente redutora de efeitos colaterais”.

Equipe Patente BR102015009427-2

Docentes do Departamento de Farmácia da UFVJM

  • Prof. Álvaro Dutra de Carvalho Júnior
  • Prof. Guilherme Carneiro

Discente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas– PPGCiFarm/UFVJM

  • Marcos Vinícius Barbosa

Docentes parceiros da Faculdade de Farmácia da UFMG

  • Profa. Mônica Cristina de Oliveira
  • Profa. Elaine Amaral Leite

Discente parceira do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas- UFMG

  • Liziane Oliveira Fonseca Monteiro

 

Por Coordenadoria de Comunicação Social