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Pesquisa da UFVJM sobre aplicação do shiatsu para redução da dor recebe menção honrosa em evento nacional

publicado: 19/09/2019 12h27, última modificação: 19/09/2019 23h04
Ensaio Clínico sobre o Efeito do Shiatsu na Redução da Dor Pós-Operatória entre Portadores de Fraturas é a tese premiada no 14º SOBECC

A tese de doutorado da professora Dulce A. Martins, do curso de Enfermagem da UFVJM, intitulada Ensaio Clínico sobre o Efeito do Shiatsu na Redução da Dor Pós-Operatória entre Portadores de Fraturas, acaba de receber menção honrosa durante o 14º Congresso Brasileiro de Enfermagem em Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização da Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico (SOBECC), realizado em São Paulo, de 3 a 6 de setembro.

Considerado um dos maiores eventos científicos em nível nacional da área, o congresso atraiu a presença de mais de 2.000 participantes do Brasil e de demais países da América Latina, sendo que a premiação na categoria “Menção Honrosa” foi concedida às pesquisadoras Dulce A Martins, da UFVJM, Graciela Venera e Idelma Serpa da Argentina.

Segundo a professora Dulce, sua pesquisa, orientada por Graciela Venera e Idelma Serpa, foi desenvolvida no Hospital Nossa Senhora da Saúde, em Diamantina (MG), onde foi possível aplicar a Terapia Alternativa Complementar (TAC) Shiatsu em pacientes operados para corrigir fraturas. Os estudos demonstraram os efeitos do shiatsu na redução da dor entre esses pacientes e foi possível comprovar que a terapia pode contribuir para o equilíbrio fisiológico do estresse, favorecendo o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes.

“A dor pós-operatória é um tipo de dor aguda do tipo nociceptivo, previsível e autolimitada no tempo, associada a reações vegetativas, psicológicas e emocionais decorrentes do ato cirúrgico. Essa dor tem grande importância epidemiológica e necessita de uma abordagem terapêutica adequada, dependendo da intensidade, a exemplo dos anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) e os analgésicos não opióides. A analgesia multimodal é recomendada e pode estar associada a terapias alternativas, tais como o shiatsu”, explica a professora.

De acordo com a pesquisadora, para saber se a dor aguda pós-operatória entre homens com fraturas nos membros superiores e inferiores poderia ser reduzida mediante a aplicação de shiatsu foi desenvolvido um ensaio clínico não aleatorizado, pré e pós-intervenção. Foram medidos os níveis de cortisol salivar e aplicada a escala numérica para medir a dor. E os resultados apontaram para efeitos benéficos sobre a redução dos níveis de estresse no pós-operatório, assim como a redução da dor, o que é muito importante para o bem-estar dos pacientes.

Segundo a professora Dulce, o shiatsu é indicado para o tratamento de várias condições de saúde, como artrite, claustrofobia, problemas gastrointestinais e ginecológicos, insônia, laringite, dor neural, doença renal, gagueira, sudorese, zumbido e vertigem. Apesar de sua crescente aplicação, a eficácia clínica permanece incerta. Muitos ensaios clínicos foram realizados, mas com resultados conflitantes, embora revisões sistemáticas da literatura mostrem a eficácia dessa terapia para qualquer uma das condições mencionadas.

 
As duas mãos são usadas na aplicação do shiatsu - Figuras ilustrativas. Autor: Guimarães, 2008

No entanto, afirma professora, a Terapia Alternativa Complementar (TAC) é uma tendência mundial e o governo brasileiro começou a incentivar o seu uso com políticas aprovadas desde 2006. Em 2017, foi aprovado um decreto que define os procedimentos que podem ser realizados no sistema previdenciário, o Sistema Único de Saúde (SUS), por profissionais com nível universitário. Esse decreto definiu como terapias complementares as Práticas Corporativas Integrativas ou Complementares da Medicina Tradicional Chinesa utilizada na promoção e prevenção da saúde, dentre as quais está o shiatsu.

O shiatsu é conhecido na China desde 530 a.C, onde era chamado Tao-Yinn e foi levado para o Japão, onde foi renomeado Anma e mais tarde shiatsu. "Shi" significa dedos e "atsu" significa pressão ou contato. Desde o século XX, é reconhecido pelo Ministério da Saúde do Japão como uma terapia que busca promover e manter a saúde, além de tratar doenças específicas. Os conceitos de shiatsu são semelhantes aos da acupuntura e, nos Estados Unidos, é classificado em cinco tipos: 1) acupressão (shiatsu); 2) dos 5 elementos; 3) macrobiótica; 4) japonês; 5) Zen.

Trata-se de uma terapia baseada na ideia de que Ki é uma energia que flui através de canais, chamados meridianos. Ao longo desses, existem tsubos, que são equivalentes a pontos através dos quais a energia entra ou sai do corpo. São portas de entrada para o corpo energético da pessoa e podem ser modificadas pela pressão direta dos dedos ou das mãos. Essa rede de energia está conectada às funções fundamentais do organismo e, quando manipuladas, exercem uma ação direta sobre o corpo e a mente.

“A ativação dos tsubos produz o mesmo efeito que a agulha nos pontos de acupuntura. São produzidos mecanismos bioquímicos complexos de respostas que modulam a resposta fisiológica gerando aumento de endorfinas e serotonina cerebral. Essa modulação neutraliza o eixo hipófise-hipotálamo-adrenocortical responsável pela superprodução de cortisol. As fibras neurais mielinizadas são ativadas, o que, por sua vez, estimula o hipotálamo e a hipófise, as beta-endorfinas hipotalâmicas são liberadas no fluido espinhal e na corrente sanguínea, promovendo o efeito analgésico das endorfinas”, conclui a professora Dulce.