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Professores da UFVJM pesquisam efeito da altitude sobre incidência da Covid-19
Os docentes da UFVJM José Sebastião Cunha Fernandes, Ricardo Siqueira da Silva, Alexandre Christófaro Silva, Daniel Campos Villela, Vanessa Amaral Mendonça e Ana Cristina Rodrigues Lacerda acabam de publicar na revista Scientific Reports – Nature o artigo Altitude conditions seem to determine the evolution of COVID- 19 in Brazil, que avaliou o efeito da altitude sobre a incidência da doença Covid-19, provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-19), em cidades brasileiras.
De acordo com uma das pesquisadoras envolvidas, professora Ana Cristina Lacerda, o estudo foi idealizado e desenvolvido exclusivamente por docentes pesquisadores de diferentes áreas de conhecimento da UFVJM. Para isso, a equipe da UFVJM acompanhou e analisou, no período de março a julho de 2020, a incidência relativa (IR) da doença, a taxa relativa de mortalidade (RDR) pela Covid-19 e a umidade relativa do ar (UR) nas 154 cidades brasileiras com população acima de 200 mil habitantes, localizadas numa altitude que variou entre cinco e 1.135 m.
“O estudo evidenciou fatos importantes. Entre eles foi identificado que as cidades brasileiras com altitudes mais elevadas apresentam menor incidência relativa de pessoas acometidas pela Covid-19; os dados analisados mostraram que uma maior umidade relativa do ar parece favorecer a disseminação do coronavírus que provoca a Covid-19; outros fatores climáticos também podem inibir a disseminação da doença, como, por exemplo, a radiação ultravioleta, que aumenta 1% a cada 100 m de elevação em altitude”, afirma a professora.
A pesquisa mostra que há uma negativa correlação entre a incidência de Covid-19 com altitude e uma correlação positiva com umidade relativa do ar nas cidades analisadas. Cidades brasileiras com alta altitude e baixa umidade relativa do ar apresentam menor incidência relativa da doença e taxa relativa de mortalidade pela Covid-19.
A professora explica que, assim, as cidades de grande altitude podem ser favoráveis para abrigar pessoas do grupo de risco para a doença. “Esse estudo pode ser útil para compreender o comportamento do SARS-CoV-2 e, quem sabe, o ponto de partida para estudos futuros no sentido de estabelecer a causalidade das condições ambientais com o SARS-CoV-2, contribuindo para a implementação de medidas de prevenção e controle do novo coronavírus, que provoca a Covid-19”, conclui.
A pesquisa, segundo a professora Ana Cristina, é fruto de um trabalho desenvolvido de forma integrada entre as áreas da saúde, ciências fisiológicas, epidemiologia, demografia e geografia, contemplando as grandes áreas: ciências da saúde, ciências biológicas de órgãos e sistemas e ciências sociais e humanas. “Embora a pesquisa não tenha recebido apoio financeiro direto, vale ressaltar a importância de instituições de fomento como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) pelas bolsas de produtividade em pesquisa e outras fontes de financiamento concedidas aos pesquisadores”.