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Equipe do Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem da UFVJM trabalha em mapeamento arqueológico do Museu do Diamante

publicado: 30/09/2024 17h11, última modificação: 01/10/2024 12h11
Ação é realizada em Diamantina, por meio de acordo de cooperação técnica entre universidade e Ibram

Por meio de um acordo de cooperação técnica entre a UFVJM e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), está sendo realizado, desde o mês de julho, um trabalho de escavação no quintal do Museu do Diamante, com o objetivo de fazer o mapeamento arqueológico do lugar, localizado em Diamantina. A ação é desenvolvida pela equipe do Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem (Laep), do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) da UFVJM, coordenada pelo professor do curso de Geografia e arqueólogo Marcelo Fagundes, com o envolvimento de estudantes voluntários de graduação e pós-graduação da universidade.

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Trabalho de escavação vai resultar em mapeamento arqueológico do Museu do Diamante (Fotos: Flávia Cesar/Dicom-UFVJM)

De acordo com o professor, a UFVJM foi acionada para fazer escavações no quintal do museu, que vai passar por obras de restauração e ampliação. “Como as intervenções vão revolver o solo, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) exige licenciamento ambiental. Estamos trabalhando e escavando para fazer o mapeamento arqueológico e garantir a preservação dos bens arqueológicos que possam ser encontrados, antes que as obras comecem”, explica Marcelo Fagundes. O trabalho realizado pela equipe do ICT inclui registro, classificação e conservação do material encontrado, que é chamado de cultura material.

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Escavação feita pela equipe do Laep é separada por níveis e linhas (Fotos: Flávia Cesar/Dicom-UFVJM)

Descobertas

Na primeira abertura feita no quintal do Museu do Diamante pela equipe do Laep, foi encontrada uma estrutura de combustão (forno), resquícios de carvão, argila vermelha, tabatinga, cerâmica queimada, ossos de porco e de galinha, além de alguns poucos pedaços de faiança (louça europeia) e cachimbos que remetem à Festa de Nossa Senhora do Rosário.

“A partir do material encontrado, entendemos que era um lugar onde pessoas escravizadas faziam comida. A tabatinga é um tipo de areia branca utilizada para fazer cobertura de fornos; as cerâmicas queimadas mostram que as panelas iam para o forno; os ossos demonstram o que eles comiam... E assim vamos conseguindo identificar o modo de vida e o comportamento humano da ocupação da antiga casa do Padre Rolim”, relata o professor.

Já foram recolhidas três caixas de cultura material. Marcelo Fagundes explica que cada peça recebe um número e é ensacada, depois de seca. “Tudo que é encontrado é identificado pelo local onde foi achado. Mas aqui só recolhemos as peças; a análise é feita no Laep, que fica no Centro de Estudos de Geociências da UFVJM. A reserva técnica da universidade já conta com mais de 750 mil peças”, completa o professor.

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Cultura material colhida nas escavações é levada para análise no Laep (Fotos: Flávia Cesar/Dicom-UFVJM)

Arqueologia - compreensão do comportamento humano

Segundo Marcelo Fagundes, o trabalho da Arqueologia é buscar entender um pouco do comportamento das pessoas que viveram em determinado local, neste caso no quintal do Museu dos Diamantes. “De um modo geral, a população conhece muito pouco sobre a história negra de Diamantina e só por relatos de brancos. É preciso recompor esse passado, que não é ligado apenas à tristeza, escravidão e sofrimento. A própria senzala é muito mais do que isso. A cidade é negra, o que é motivo de muito orgulho”.

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Bacharel em Humanidades e mestranda em Ciências Humanas na UFVJM, Thamara Ferreira Fonseca faz parte da equipe de escavações do professor Marcelo Fagundes e já o acompanhou em diversos trabalhos, como em sítios arqueológicos no Alto Jequitinhonha e no Peru. Essa é a primeira vez que participa de atividade com o Laep dentro da cidade. “É bem diferente de escavação no mato, mais longe da comunidade. Aqui é mais fácil criar uma conexão. Foi curioso encontrar um espaço de cozinhar, ligado a pessoas negras, logo na primeira abertura que fizemos. Com isso, estamos complementando a história e saindo da história branca. Vemos que, por trás desse processo, tem pessoas negras. E é um processo democrático, está aqui; passamos em cima todos os dias; passamos em cima de história, de gente, de sentimento”, reflete a aluna.

Thamara Fonseca atua pela primeira vez em uma escavação dentro da cidade (Foto: Flávia Cesar/Dicom-UFVJM)

Para além de reconstruir a história, a atuação da equipe de Arqueologia da UFVJM consiste em formar um quadro de profissionais regional. “Antes, não existia arqueólogo no norte de Minas; vemos agora muita gente do Vale do Jequitinhonha trabalhando na área e ajudando nessas descobertas e reconstruções”, comemora Marcelo Fagundes.

Equipe Laep

A equipe do Laep que atua nas escavações do Museu do Diamante é composta por 10 alunos da UFVJM que se revezam, voluntariamente, todos os dias, das 8h30 às 12h. São estudantes de Iniciação Científica dos cursos de Geografia e História, mestrandos em Ciências Humanas e um doutorando em Geografia pela UFMG, sempre acompanhados pelo professor Marcelo Fagundes.

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Professor e arqueólogo Marcelo Fagundes (fila de baixo, ao centro) coordena trabalho de alunos no Museu do Diamante
(Foto: Flávia Cesar/Dicom-UFVJM)

Confira quem são os alunos da UFVJM envolvidos no trabalho, de acordo com a foto acima:
Lucas Rodrigues (mestrando em Ciências Humanas); Gabriel Andreata (licenciando em História); Heitor Alves Bispo Junior (mestre em Ciências Humanas pela UFVJM e doutorando em Geografia pela UFMG); Eduardo Miranda (mestrando em Ciências Humanas); Paola Almeida (licencianda em Geografia); Thamara Fonseca (mestranda em Ciências Humanas); Gabriela Almeida (licencianda em Geografia) e David Sampaio (licenciando em Geografia).

Acompanhe mais detalhes sobre o trabalho do Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem (Laep) da UFVJM no Museu do Diamante na reportagem postada no site do museu.

 

Por Diretoria de Comunicação Social