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UFVJM inicia sequenciamento genético de arbovírus no Vale do Jequitinhonha

publicado: 18/09/2025 14h10, última modificação: 18/09/2025 18h27
Com a chegada de novo equipamento e capacitação in loco, universidade torna-se o primeiro Centro de Vigilância Genômica de Arbovírus na região

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 Equipe de professores, técnicos e estudantes do Nuped-Vale (Foto: Arquivo Nuped)

“Um marco tecnológico para a saúde pública do estado de Minas Gerais, principalmente para o Vale do Jequitinhonha”. Com essa afirmação o coordenador do Núcleo de Ações e Pesquisas em Apoio Diagnóstico (Nuped-Vale) da Faculdade de Medicina (Famed) da UFVJM, prof. Danilo Bretas, sintetiza a importância de mais uma ação possibilitada ao núcleo em função da chegada de um novo equipamento, além da capacitação dos profissionais, para iniciar o trabalho de vigilância genômica que permitirá compreender a dinâmica das infecções e doenças causadas pelas arboviroses na região.

De acordo com prof. Danilo, o Nuped-Vale hoje está apto a realizar o diagnóstico molecular de pelo menos 10 infecções virais, como dengue, zika, chikungunya, febre amarela, influenza A e B, sincicial respiratório, mpox, vaccínia e covid-19. “O sequenciamento genético não é um exame propriamente dito. O paciente não recebe a informação, por exemplo, de qual variante ou linhagem de vírus pelo qual ele foi infectado. Esse sequenciamento genético serve para fins de saúde coletiva, contribuindo para a vigilância genômica e epidemiológica desses vírus. Essa informação é então disponibilizada para os gestores públicos, a fim de auxiliar nas tomadas de decisão ou como alerta, como em casos de entrada de novas linhagens no território”, explica o coordenador.

Segundo Maysa Farias de Almeida Araújo, bióloga e técnica do laboratório, nesse primeiro momento foram sequenciados 94 genomas virais de dengue e chikungunya que circularam no Vale do Jequitinhonha entre os anos de 2023 e 2025. “Esses dados são inéditos e permitirão avançar no conhecimento desses patógenos e implementar medidas de saúde pública no Vale. O sequenciamento genético permite acompanhar a evolução dos vírus, ou seja, identificar quais variantes ou linhagens estão circulando no estado, assim como o que foi feito na pandemia da covid-19”, afirma Maysa.

Os sequenciamentos só foram possíveis graças à chegada de um sequenciador genético, o MinION - equipamento portátil que consegue revelar informações genéticas em um período de tempo relativamente curto – e ao treinamento intensivo ofertado pela Rede Unificada de Análises Integradas de Arbovírus de Minas Gerais (UAI-Arbo), que é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e tem como parceiras diversas outras instituições de pesquisa do estado, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-MG), Fundação Ezequiel Dias (Funed), Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG).

O Nuped-Vale hoje é um centro colaborador da Secretaria Estadual da Saúde de Minas Gerais e está apto a realizar o diagnóstico molecular de doenças como arboviroses e outras causadas por vírus respiratórios, por exemplo. Nos últimos dois anos, o núcleo realizou, em média, 1.500 exames por mês. No entanto, esse número é variável ao longo do ano, uma vez que as doenças para as quais são realizados o diagnóstico são sazonais, ou seja, ocorrem em determinados períodos do ano. A nossa capacidade gira em torno de 150 exames/dia. A solicitação de exames ao Nuped-Vale deve ser feita pelas secretarias municipais de saúde e hospitais dos 31 municípios atendidos pela Macrorregião de Saúde Jequitinhonha.

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Técnica da Funed durante treinamento com equipe da UFVJM (Foto: Arquivo Nuped)

A Rede UAI-ARBO tem como objetivo formar e capacitar profissionais, especialmente de regiões do interior de Minas Gerais, para a realização de vigilância genômica de arbovírus e também prevê a criação de um Novo Centro de Genômica e Bioinformática de Arboviroses na UFVJM, em Diamantina. Estiveram presentes na UFVJM para promover o treinamento o pesquisador da Fiocruz (MG) e coordenador da rede, Luiz Carlos Júnior Alcântara e as pesquisadoras da Funed, Natália Rocha Guimarães, Talita Émile Ribeiro Adelino e Sara dos Santos. Participaram da capacitação docentes, técnicos administrativos e estudantes de pós-graduação.

O projeto da Rede UAI-Arbo tem por objetivo estabelecer três novos Centros de Genômica e Bioinformática de Arboviroses em Minas Gerais: IFNMG, Ufop e UFVJM. O propósito desses centros será fornecer suporte às atividades de vigilância genômica e análises em tempo real de arboviroses emergentes e reemergentes no estado. A previsão de conclusão do projeto está prevista para 2027. As arboviroses são um grupo de doenças virais transmitidas, principalmente, por artrópodes, como os mosquitos. A esse grupo pertencem doenças como dengue, zika e chikungunya e febre amarela.

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Equipe Nuped realiza sequenciamento genético de arbovírus (Foto: Arquivo Nuped)

A partir das informações genéticas geradas nas análises, é possível identificar as rotas de disseminação viral, ou seja, de onde os vírus vieram. Além disso, é possível identificar mutações e variantes que poderiam impactar a velocidade de dispersão dos vírus e a eficiência das vacinas, por exemplo.

 

 

Por Diretoria de Comunicação