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Ex-aluna da UFVJM recebe prêmio em edital literário

A autora Samara da Silva Marques (Crédito: Arquivo Pessoal)
A ex-aluna do curso de História da UFVJM, Samara da Silva Marques, 26, foi uma das autoras contempladas no edital de seleção de obras literárias e/ou científicas de autoras negras mineiras, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do programa antirracista Sobre Tons, em parceria com a Fundação Clóvis Salgado (FCS). O prêmio, entregue no mês de outubro, constituiu-se de uma quantia de R$ 10 mil em dinheiro e a impressão de 600 exemplares, sendo que a autora receberá um lote mínimo de 10% da tiragem final dos exemplares. Os livros serão distribuídos gratuitamente para bibliotecas públicas, instituições culturais, educacionais e outros espaços de promoção da leitura.
Segundo Samara, por incrível que possa parecer, seu livro foi escrito após ter conhecimento do edital do MP. “Embora o livro tenha sido escrito recentemente, ele de certa forma já existia dentro de mim. Desde criança eu sempre gostei de escrever. Quando vi a oportunidade eu simplesmente foquei totalmente nisso. Foi um desafio e tanto. Abri mão de algumas coisas para dedicar meu tempo à escrita, mas valeu muito a pena. É a minha única obra até o momento”, afirma a vencedora do concurso.
O livro de Samara, intitulado Preta Metida: um guia para meninas e mulheres negras, é um guia construído a partir das suas experiências e reflexões enquanto uma mulher negra, no qual compartilha sua caminhada de autoconhecimento, resistência e empoderamento. “Entre memórias pessoais e análises críticas, convido meninas e mulheres negras a reconhecerem sua força, cultivarem autoestima e compreenderem que suas histórias importam. Mais do que um relato pessoal, é um convite para ser PRETA METIDA: orgulhosa, confiante e sem medo de ocupar seu espaço no mundo”, explica Samara.

Capa do livro
A trajetória de Samara na UFVJM foi entre os anos de 2018 e 2023, quando entrou na instituição no curso de Bacharelado em Humanidades, tendo optado posteriormente pela Licenciatura em História. “Durante minha trajetória na universidade, participei de muitos projetos, mas os que mais me marcaram foram os projetos de extensão, especialmente os projetos do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indigenas (Neabi). Uma das ações de que participei foi o “Neabi Travessias: bem viver a vida que se tem”, que envolvia jovens negros em espaços de discussões e trocas sobre a experiência juvenil no Brasil e informava meios de acesso e permanência na UFVJM, além de incentivá-los aos estudos”, afirma Samara.
Para a egressa, durante esse período, os professores que mais a inspiraram e fizeram toda diferença em sua formação foram: Ana Paula Nunes, professora de Epidemiologia Social - “uma mulher negra potente, que sempre me inspirou”. Além dela, professora Denise Souza – “que também é uma mulher negra extraordinária, doutoranda em Educação e Mestra em Ensino de Ciências”. “E, o Juliano Gonçalves Pereira, homem negro, professor substituto na universidade, que é doutor em Educação e que agiu como uma espécie de mentor, me acompanhando desde o início e me impulsionando a crescer na vida acadêmica. Os três, apesar de não serem especificamente do meu curso, contribuíram significativamente para o meu crescimento”, explica a ex-aluna.
De acordo com Samara, cursar a universidade, com certeza, fez toda diferença para sua vida profissional. Ela afirma que é a primeira da sua família a fazer graduação e a única, até o momento, a entrar em uma universidade federal. Para Samara, espaços como esses não eram uma realidade para sua família: embora seus pais tenham sido os principais incentivadores para que ela estudasse, cursar uma universidade era algo distante de sua realidade. Hoje, como profissional da área da educação, Samara diz que sempre compartilha com seus alunos sobre sua história. “Me considero uma pessoa antes e outra depois da UFVJM. A educação nos dá asas e foi na universidade que eu pude, de fato, voar”, conclui.
Atualmente, Samara está cursando Geografia e atuando como professora autorizada na área em um Centro de Educação Continuada (Cesec), com jovens e adultos, em sua cidade natal, Sabinópolis, Minas Gerais. Além disso, ela afirma ser empreendedora e possui uma loja on-line chamada Preta Metida, voltada para a estética negra e empoderamento feminino. Samara afirma que como mulher negra, professora, de origem humilde, do interior de Minas Gerais, sempre batalhou muito para conquistar seus objetivos, mas nunca imaginou que teria uma oportunidade como essa.
Por Diretoria de Comunicação Social