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Ex-aluno da UFVJM publica artigo em revista internacional com alerta sobre problemas climáticos
Pesquisador e um dos autores do artigo publicado na Nature, Matheus Simões é ex-aluno da UFVJM
(Fotos: Arquivo pessoal)
O ex-aluno da UFVJM Matheus Simões Santos está entre os autores do artigo Modern anthropogenic drought in Central Brazil unprecedented during last 700 years (Seca antropogênica moderna no Brasil Central sem precedentes nos últimos 700 anos, em tradução livre), publicado na revista internacional Nature Communications. A publicação em uma das maiores referências no campo científico de circulação internacional demonstra a importância da pesquisa e valida os resultados apontados como um alerta para a gravidade da atual situação climática e ambiental do planeta.
Matheus explica que a pesquisa foi baseada em análises geoquímicas de espeleotemas encontrados no piso da caverna Lapa da Onça, localizada no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, norte de Minas Gerais. Espeleotemas conhecidos como estalagmites são formações minerais formadas a partir do gotejamento da água do teto de uma caverna. “Por meio das análises, reconstituímos o clima do passado e constatamos uma mudança marcante no equilíbrio hidrológico no centro-leste do Brasil, em especial no norte mineiro, ocasionada pelo aumento da temperatura a partir da década de 1970. Assim, o artigo demonstra que, de 1970 a 2016, houve uma redução das chuvas de aproximadamente 7%; aumento da evapotranspiração de 18% e diminuição da vazão dos rios locais de 20% por década. Outro resultado apontou que a temperatura média subiu 2°C nos últimos 250 anos e que a atual aridez é sem precedentes nos últimos 720 anos”, relata o pesquisador.
Entrada da Lapa da Onça, local de pesquisa do artigo
(Fotos: Arquivo pessoal)
Salão principal da Lapa da Onça, com presença de espeleotemas (estalactites, formadas no teto da caverna, e estalagmites, formadas no piso da caverna)
(Fotos: Arquivo pessoal)
Além disso, o estudo de atribuição indicou que a tendência observada não pode ser explicada apenas por fatores naturais. Ela é principalmente impulsionada por fatores antropogênicos, ou seja, causada por atividades humanas, como o uso de combustível fóssil, uso da terra e modificações no ambiente. Os resultados apresentados no artigo reforçam a premissa de uma seca severa e de longo prazo que provavelmente será ainda mais grave no futuro, dada a sua aparente ligação com o aumento das emissões de gases e com o efeito de estufa.
“A persistência da seca causará impactos significativos nas atividades econômicas, sistemas ecológicos, crescimento da agricultura, segurança alimentar, produção industrial e, principalmente, no bem-estar da população. É urgente que a sociedade tenha um olhar racional quanto ao uso dos recursos naturais, promovendo ações e mitigações eficazes que assegurem o desenvolvimento sustentável”, alerta Matheus.
Sobre o pesquisador, ex-aluno da UFVJM
Natural de Brasília de Minas, norte de Minas Gerais, o pesquisador Matheus Simões Santos é graduado no curso de Bacharelado em Humanidades em 2014 e mestre em Geologia em 2020, pela UFVJM, sob orientação do professor Hernando Baggio. Atualmente é doutorando em Geociências pela Universidade Federal Fluminense (UFF), sob orientação do professor Nicolás Misailidis Stríkis. Desde o mestrado desenvolve pesquisas nas áreas de Geomorfologia, Paleoclimatologia, Paleoambiente e Climatologia com ênfase em Mudanças Climáticas e Mudanças Globais.
O pesquisador ressalta a importância da UFVJM para o seu desenvolvimento acadêmico e profissional: “O corpo docente da universidade - com destaque para Hernando Baggio, Lucio do Carmo, Danielle Piuzana, Marcelino Morais, Marivaldo Aparecido, Cristiano Christófaro e Marcelo Fagundes - enriqueceu minha trajetória acadêmica. Tive a oportunidade de estagiar durante toda a minha graduação, primeiro no Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem e, posteriormente, no Laboratório de Geoquímica Ambiental, o que fomentou meu interesse pela pesquisa, até meu ingresso no mestrado em Geologia da instituição, em 2017.”
Por Coordenadoria de Comunicação Social