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UFVJM obtém concessão de primeira patente
No início deste mês de agosto, a UFVJM obteve o registro, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), da sua primeira patente: “Cimento de ionômero de vidro (CIV) modificado com nanocristais de celulose: inovador biomaterial restaurador dentário”. Trata-se de uma ‘super massa’ modificada com cristais de celulose 100 mil vezes menor do que o diâmetro de um fio de cabelo, criada a partir de tecnologia desenvolvida na UFVJM, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e parceria da UFMG. A invenção é fruto do trabalho de mestrado iniciado em 2013 pelo pesquisador Rafael Menezes Silva, sob a coordenação da professora Maria Helena Santos, do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFVJM, e parceria do professor Fabiano Pereira, da UFMG.
Para o diretor do Centro de Inovação Tecnológica da UFVJM (Citec), professor Juan Pedro Bretas Roa, a concessão da primeira Carta Patente da UFVJM deve ser muito comemorada, pois representa um marco histórico para a universidade, além de um grande avanço para a área da saúde bucal. “Temos aqui o exemplo de como o desenvolvimento tecnológico associado à pós-graduação torna possível esse tipo de conquista”, diz. Para ele, a obtenção da patente comprova a persistência e o trabalho de toda a equipe de pesquisadores e do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT). “Foram mais de seis anos entre o depósito e a concessão da Carta Patente! Aproveito a oportunidade para parabenizar o programa de pós-graduação, o Laboratório de Biomateriais da UFVJM (Biomat) e toda a equipe envolvida no desenvolvimento da tecnologia”, acrescenta o diretor do Citec.
Responsáveis pela pesquisa que gerou a primeira patente da UFVJM: professora Maria Helena Santos,
do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, e pesquisador Rafael Menezes Silva
(Foto: Rafael Menezes Silva - Arquivo pessoal)
Eficiência, baixo custo e sustentabilidade
A coordenadora da pesquisa, professora aposentada da UFVJM Maria Helena Santos, explica que os cimentos ionoméricos convencionais utilizados já apresentavam propriedades importantes, como biocompatibilidade, capacidade de adesão à estrutura dentária e liberação de flúor, mas ainda faltava uma melhor capacidade de resistência mecânica. “Esse foi o grande salto que demos com a nova composição, além do menor custo em sua fabricação”, comemora a pesquisadora. Ao contrário dos cimentos anteriores, na nova composição as microfibras e/ou nanocristais de celulose adicionados oferecem mais resistência à compressão, à tração diametral e à abrasão do material. Além disso, o novo CIV mantém a qualidade daqueles disponíveis hoje no mercado com um menor custo em sua fabricação.
É importante destacar que um dos principais usos do CIV na atualidade é na Técnica do Tratamento Restaurador Atraumático (ART) - uma técnica que restaura dentes atingidos pela cárie dental sem o uso de brocas ou turbinas, apenas instrumentos manuais. “A ATR é a única técnica restauradora recomendada no pacote básico de atenção primária da Organização Mundial de Saúde (OMS). Por isso eu sempre acreditei nessa ideia; sempre enxerguei o CIV como um material restaurador com extremo potencial, podendo ser usado tanto em comunidades carentes como em consultórios particulares”, explica o pesquisador Rafael Menezes. Como prova da eficiência do material desenvolvido, o inventor trabalha aplicando a tecnologia desenvolvida na UFVJM em CIVs importados, com melhores propriedades mecânicas. “Os resultados são fantásticos, pois conseguimos melhorar ainda mais as propriedades desses CIVs, que já eram consideradas favoráveis; e tudo isso com o uso de nanopartículas de celulose de eucalipto que, apesar de serem consideradas ‘lixo’ pela indústria, são abundantes, possuem fontes renováveis, não são abrasivas nem tóxicas”, finaliza o inventor da primeira patente da UFVJM.