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Pesquisador da UFVJM é convidado pela ONU para revisar capítulo de livro sobre turfeiras

publicado: 27/05/2022 16h00, última modificação: 27/05/2022 16h00
Professor Alexandre Christófaro foi convidado para revisar o capítulo “Regional Assessment for Latin America and the Caribbean"

O professor do Departamento de Engenharia Florestal da UFVJM, Alexandre Christofaro Silva, foi convidado, no último mês de abril, para ser o revisor do capítulo seis do livro Global Peatlands Assessment (Avalição Global de Turfeiras, em tradução livre), que faz parte de uma iniciativa global (Global Peatlands Initiative - GPI), lançada pela ONU em Marrocos em 2016. Liderada pelo United Nations Environment Programme (UNEP), um programa das Nações Unidas para o meio-ambiente, o objetivo da iniciativa é mostrar como promover o uso sustentável, a conservação e a restauração de áreas com turfeiras.

Por ser especialista nacional no assunto, o professor Alexandre foi convidado para revisar o capítulo “Regional assessment for Latin America and the Caribbean”. O professor iniciou suas pesquisas em 2003. “Vários projetos abordando essa temática foram aprovados por órgãos de fomento (Fapemig, CNPq, Capes), fornecendo recursos para adquirir equipamentos que fazem parte do parque analítico da UFVJM e para custear os projetos de mestrado, doutorado e iniciação científica”, informa o professor.

De acordo com o pesquisador, o convite demonstra “reconhecimento da importância dos estudos conduzidos pelo  grupo de pesquisadores e estudantes da UFVJM para ampliar o conhecimento gerado sobre turfeiras tropicais de montanha”. 

O que são turfeiras

De acordo com o professor, as turfeiras são ecossistemas de transição entre ambientes terrestres e aquáticos, formados pela acumulação no tempo e no espaço de tecidos vegetais em condições de excessiva umidade, pouca disponibilidade de nutrientes, baixo pH e escassez de oxigênio, quando a matéria orgânica passa por processos de lenta humificação/mineralização. O pesquisador explica que os ecossistemas de turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional, situada no estado de Minas Gerais, formaram-se pela combinação sui generis de fatores geológicos, geomorfológicos, pedológicos, hidrológicos e bióticos, lançando as bases de sua grande biodiversidade, endêmica e peculiar.

Alexandre detalha que durante dezenas de milhares de anos esses ecossistemas foram se desenvolvendo e sendo ampliados, preservando proxies para a reconstituição ambiental, sequestrando cada vez mais carbono e aumentando sua capacidade de armazenar água (“efeito esponja”) e regular a vazão dos cursos d’água. “Além disso, várias espécies de vegetais e de animais são exclusivas desses ecossistemas”.

Segundo o professor Alexandre, pela importância das turfeiras, ”é premente o empoderamento das comunidades locais e regionais acerca da importância dos ecossistemas de turfeiras tanto para o ambiente, para a socioeconomia e para a qualidade de vida de suas populações, como para o planeta. Também é fundamental que os ecossistemas de turfeiras passem a fazer parte do Sistema de Classificação das Áreas Úmidas Brasileiras. A preservação das turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional é estratégica, tanto regional quanto globalmente”, ressalta.

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Testemunho da turfeira Rio Preto, coletado no Parque Estadual do Rio Preto (MG), sendo descrito e amostrado no LIPEMVALE/UFVJM (Foto: arquivo pessoal do pesquisador)

As turfeiras em Diamantina e região

O pesquisador destaca que os ecossistemas de turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional (SdEM) constituem as cabeceiras (nascentes) de rios das mais importantes bacias do leste brasileiro: as bacias do Rio São Francisco, Rio Jequitinhonha e Rio Doce. “Os dois únicos rios perenes da região semiárida do nordeste de Minas Gerais, o Rio Jequitinhonha e seu principal afluente, o Rio Araçuaí, têm suas cabeceiras formadas por turfeiras, que armazenam água no período chuvoso e regulam suas vazões no período seco do ano. Como esses ecossistemas são formados por solos orgânicos, constituem-se em grandes sumidouros de carbono, contribuindo para a minimização do efeito estufa”, detalha Alexandre.

O professor também explica que “como são ambientes redutores, preservam materiais depositados no passado, como pólens, fitólitos e microfósseis que, juntamente com isótopos estáveis de C e N, análise geoquímica e datações de suas camadas por 14C, permitem a reconstituição do paleoambiente e do paleoclima. Estudos de reconstituição ambiental levados a cabo nesses ecossistemas evidenciaram várias mudanças paleoclimáticas nos últimos 35 mil anos: o clima já foi mais frio, mais quente, mais seco e mais úmido que o clima atual”.

Para saber mais, acesse vídeo sobre o assunto.

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Aspecto geral da turfeira situada no Distrito de Pinheiro, Serra do Espinhaço Meridional, Diamantina (MG) 
(Foto: arquivo pessoal do pesquisador)

Com informações da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

 

Por Diretoria de Comunicação Social